Temas Pedagógicos

Temas Pedagógicos (42)

por Escola da Vila

Diálogo constante com a escola, cuidado com o uso de telas pelas crianças e a valorização de diferentes saberes são maneiras dos responsáveis contribuírem para o bom andamento das atividades escolares em casa.

Passados quase seis meses da suspensão das atividades presenciais nas escolas, as crianças, em geral, já estão mais acostumadas e adaptadas às aulas remotas, mas o apoio e o acompanhamento por parte das famílias continuam sendo essenciais. Miruna Kayano, coordenadora do Ensino Fundamental I da Escola da Vila, dá algumas orientações sobre como os responsáveis podem seguir contribuindo para a rotina escolar e para um maior aproveitamento das aulas pelas crianças.

Ela explica que, ao considerar que estamos já há bastante tempo no modelo remoto, é esperado que as crianças tenham diferentes reações em relação a todo esse período longe do ambiente escolar. “Os alunos e alunas do fundamental I ainda estão construindo sua relação com escola e precisam muito da interação com os professores e com os colegas. Com o distanciamento, reações como desânimo e cansaço podem acontecer. Por isso, as famílias devem sempre manter um canal de diálogo aberto com as crianças para saber o que estão sentindo, poder ajudá-las e fazer a ponte com a escola, para que os educadores possam dar suporte e acolhimento.”

Outro ponto importante, segundo a coordenadora , é avaliar se a organização da rotina da criança está adequada. “Num primeiro momento, todos nós fomos surpreendidos pelo que estava acontecendo, tínhamos a ideia de que a pandemia duraria menos tempo e, frente aos muitos desafios, alguns acordos foram flexibilizados. Mas, com o prolongamento dessa situação, é bom fazer um balanço de como está a rotina e verificar se o tempo destinado para a escola está bem delimitado”, recomenda. “Muitas vezes, as crianças terminam as atividades num espaço de tempo relativamente curto. Elas podem aproveitar esse período, por exemplo, para reler as respostas das tarefas, fazer a leitura de uma obra literária ou dedicar-se a um  desenho.”

Olhar para como está o uso de telas, além do que a escola necessita, também é algo que merece atenção da família. “Como a escola precisa se apoiar na comunicação por esse meio, é preciso ter momentos de alternância e equilíbrio com outras atividades que não demandam a tela. Pensar nessa relação ajuda bastante na questão da rotina escolar.”

A coordenadora  ainda lembra que valorizar a relação das crianças com as outras áreas de conhecimento, além das que ficam a cargo da professora polivalente, ajuda a diversificar os focos de interesse. “As atividades de inglês, educação física, arte e música acabam, muitas vezes, ficando em segundo plano, mas elas têm importância grande no currículo do Fundamental I. Incluir essas atividades na rotina permite a alternância de olhares e isso pode favorecer inclusive a dedicação  às áreas centrais de práticas de linguagem  e matemática.”

Miruna conta que, na segunda quinzena de setembro, as famílias vão receber um documento com a avaliação do 2º trimestre. Ela sugere fazer a leitura atenta desse material em conjunto com a criança. “Pode ser um momento de balanço e definição de novos acordos, se necessários. Vale olhar para as dicas que os professores e professoras vão dar. As crianças estão vivendo experiências muito particulares, e o diálogo constante com escola vai ajudar as famílias a fazerem possíveis ajustes para organizar melhor a rotina e favorecer a aprendizagem.”

Veja o texto no Blog da Vila. 

Imagem: Olga Nikiforova/iStock.com

por Escola da Vila

Campanha #JornadasSignificativasVila traz depoimentos de ex-alunos e ex-alunas da Vila que destacam a importância da formação que tiveram na realização de seus sonhos.

Em mais uma iniciativa para comemorar seus 40 anos, a Escola da Vila está divulgando, em suas redes sociais, fotos e depoimentos de ex-alunos e ex-alunas, mostrando como eles estão hoje, as escolhas acadêmicas e profissionais que fizeram e qual foi a contribuição da escola em suas vidas. “A Vila tem esse papel de instigar os alunos e alunas a trilharem jornadas significativas e a construírem o seu projeto de vida, proporcionando a eles um ambiente escolar rico e diverso, que contribua para cada um se autoconhecer e viver coletivamente. São elementos necessários para a vida democrática e dialógica”, afirma Fernanda Flores, diretora-geral da Escola da Vila.

Ela diz que a construção dessas jornadas tem um duplo significado na vida dos estudantes, pois trazem tanto crescimento e satisfação pessoal, no sentido cultural e de desenvolvimento pleno, como o reconhecimento de seu papel de cidadão, de propositor de ideias e ações à sociedade. “Formamos nossos alunos e alunas para que, após a saída da escola, eles continuem buscando na sua área de interesse ou campo de atuação o que faz sentido para eles e diferença para o mundo. Sempre com autonomia intelectual e vinculados aos valores da Vila, como cooperação, diversidade e, sobretudo, a produção e  valorização do conhecimento”

De acordo com a diretora, apoiar uma forte relação com a escola com foco na construção de um projeto de vida é objetivo de uma equipe, durante as várias etapas da escolaridade e que atinge  seu ápice no Ensino Médio. A Vila entende que jornadas são construídas a partir de uma proposta pedagógica e educacional ancorada em currículo diversificado, espaço para o autoconhecimento e preparação desde muito cedo de pessoas ativas e propositivas, que têm opiniões e estão envolvidas em projetos para dialogar com a realidade, resolver problemas e trazer soluções para situações além dos muros da escola.

Fernanda aponta que só é possível desenvolver um projeto de futuro e ter uma jornada se ela fizer sentido para as pessoas envolvidas. Para isso, a escola precisa ajudar os alunos e alunas a identificarem seus interesses e potencialidades e descobrirem a importância de ter atitudes cidadãs e atuarem no mundo onde vivem. Também é papel da escola fomentar uma relação com o estudo e com o conhecimento que se sustente para além da escola, como valor em si mesmo. Ela destaca que a construção dessas jornadas inclui dar acesso não só a discussões em contextos mais complexos, conforme os estudantes vão crescendo, mas também a perspectivas diferentes sobre o mesmo cenário, desenvolvendo a sensibilidade para analisar condições diversas e desiguais, pensando problemas que precisam ser enfrentados sistemicamente.

“Acreditamos na importância dos jovens terem um projeto de vida consistente e que isso precisa ser fomentado de diferentes maneiras e com bastante intensidade ao longo de uma vida na escola e fora dela, dialogicamente.” A Vila tem o compromisso de formar pessoas que têm consciência do seu papel na sociedade, uma formação sólida e que se veem como parte comprometida na busca por um mundo mais igualitário, sustentável e de direitos para todos.

Parabéns, alunos e alunas, de agora e de sempre.

Parabéns, nossa comunidade.

Parabéns, Vila! Por mais 40 anos construindo junto muitas mais jornadas!

Veja o texto no Blog da Vila. 

O maior desafio desde a suspensão das atividades presenciais no Colégio Dante Alighieri começou agora: a volta às aulas presenciais. Já se passaram cinco meses de aulas remotas oferecidas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O Colégio, associado à Abepar, que já estava adaptado à nova rotina em casa, deu início ao processo de repensar a volta dos alunos à escola.

Para que as aulas presenciais possam acontecer em segurança, o colégio leva em conta diversos fatores e circunstâncias. Para orientar esse processo, a escola criou há dois meses o Comitê de Retorno e o Comitê de Biossegurança. “Os dois grupos trabalham em conjunto para que as atividades escolares habituais possam retornar gradualmente de uma forma serena e segura”, explica a diretora-geral, Valdenice Minatel. 

Junto com o corpo médico da escola, os Comitês realizam reuniões semanais e mantêm uma comunicação transparente com os pais. Uma das realizações dos Comitês foi a criação de uma cartilha enviada aos familiares, explicando todas as medidas previstas para esse retorno seguro. 

O Colégio está mapeando alunos e profissionais que fazem parte de grupos de risco para a Covid-19 e testando as ferramentas que devem ser usadas na volta, como câmeras de reconhecimento facial – para o controle do uso de máscaras – e de medição de temperatura. 

Nas salas de aulas, são realizados testes para a transmissão ao vivo das aulas para aqueles alunos que preferirem permanecer em casa. E, para receber adequadamente os alunos que forem à escola, a distribuição as meses e cadeiras é feita levando em conta o necessário distanciamento social. 

Sandra Tonidandel, diretora pedagógica do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, conta que os cenários do retorno já começaram a ser desenhados pela equipe. Em primeiro lugar está a biossegurança de todos. “Estamos pensando em um modelo híbrido. Continuaremos com as aulas online para os alunos que quiserem permanecer em casa e procuraremos manter a interação entre os professores e os estudantes”, explica. 

Ensino remoto 

A rotina no Dante teve de ser repensada com a imposição do isolamento social pela Covid-19. Mas a escola não parou e seguiu adiante com o ensino não-presencial. Os desafios não foram poucos. Mas, depois de inevitáveis erros e acertos, a instituição encontrou seu eixo e vem trabalhando com sucesso para manter viva a relação de ensino-aprendizagem. 

Mesmo com um trabalho tecnológico já consolidado, o colégio de São Paulo teve de se adaptar. "Naqueles momentos, importava menos a tecnologia e mais a questão do vínculo, do estar junto virtualmente”, conta a diretora-geral, Valdenice. “Tivemos esse cuidado de pensar o currículo a partir de um aporte tecnológico sim, mas considerando as relações humanas". 

Segundo Valdenice, a forma de desenvolver as atividades remotamente foi amadurecendo ao longo do tempo. A relação entre professor e aluno, o feedback das famílias, os relatos da equipe pedagógica, tudo isso ajudou a construir o modelo usado atualmente pelo Colégio, que envolve aulas síncronas pelo Webex e tarefas pelo Moodle.  

Educação Infantil e Ensino Fundamental I

A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental se mostraram um dos maiores desafios na hora de pensar um modelo de aula não-presencial. O Dante percebeu logo que as aulas síncronas, que acontecem ao vivo, eram fundamentais. Assim como toda a escola, as crianças começaram a utilizar a plataforma Webex.

Os professores perceberam ainda a necessidade de reduzir o número de alunos por aula, para que a interação fosse maior. “Dividimos as salas em pequenos grupos para que o professor pudesse dar mais atenção e pudesse observar melhor os alunos, porque os pequenos sentem mais as mudanças”, conta Angela Martins, diretora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. 

O tempo das aulas também foi reduzido, uma adaptação que considera o tempo indicado de exposição das crianças às telas. As aulas especializadas continuaram, com música, inglês e educação física. São postadas, além disso, sugestões de tarefas e brincadeiras pelo Moodle. Tudo isso só foi possível com o apoio dos pais e das famílias, que estão muito engajadas no processo todo.

Os alunos do 1º e 2º ano do Fundamental I também foram divididos em grupos. Nessa etapa, as crianças estão no processo de alfabetização, o que foi outro desafio. “As crianças estão indo bem”, conta Angela. “Percebemos que o processo da construção da escrita e da alfabetização está acontecendo”. 

As cargas horárias, que vão aumentando de acordo com as séries, a interação entre professores e alunos e o formato das aulas foram sendo adaptados de acordo com o retorno dos pais e professoras durante as diversas reuniões e trocas de e-mails nesse período. 

A escola preocupa-se também com a dimensão socioemocional das crianças, inserindo no currículo de aulas com temas relacionados aos sentimentos e às emoções dos alunos. "Esse trabalho é a base do desenvolvimento da criança, porque o emocional acompanha todo o cognitivo. E isso será muito importante também para a volta", completa a diretora pedagógica. 

Ensino Fundamental II e Ensino Médio

As aulas síncronas foram vistas como a melhor solução para os alunos maiores. Com a mesma formação de sala e seguindo o mesmo horário de aula, alunos e professores conseguem interagir por meio da plataforma Webex, preservando vínculos e proximidade. 

Para Sandra Tonidandel, diretora pedagógica do Fundamental II e do Médio, além do professor conseguir dar a aula, o mais importante é a possibilidade dessa interação, para que o aluno possa fazer perguntas durante a aula. 

Outra coisa que funcionou para essas séries foi o apoio pedagógico após as aulas. Nesses períodos, os alunos podem tirar suas dúvidas com os professores de plantão na plataforma. 

As avaliações foram repensadas para atender o momento. Professores aplicaram avaliações formativas e somativas. Na primeira, o aluno responde semanalmente um questionário enviado pelo professor de cada matéria, com perguntas mais objetivas. “Nesse caso, a nota é dada de acordo com a participação do aluno”, explica Sandra. Já as somativas envolvem os trabalhos em grupo, de produção de conteúdo e que ocorrem ao longo do processo, essas sim, somando as notas. 

As aulas de Gestão Pessoal e Interpessoal, que ocorrem uma vez por semana, procuraram trabalhar o estado socioemocional dos alunos e levantar questões sobre o momento difícil que eles estavam e ainda estão vivendo. Durante essas aulas, o retorno à escola é um dos tópicos discutidos com os alunos, que conversam e analisam, juntos, os possíveis cenários de volta às aulas. 

União e aprendizagem

É uma unanimidade entre a comunidade escolar: foram muitas as aprendizagens no Dante nesse período tão desafiador para escolas, professores, alunos e suas famílias. Foi um trabalho que envolveu perseverança, capacidade de adaptação e de diálogo. E tudo isso acabou por unir ainda mais a escola centenária, que passa de geração em geração. 

“A escola se uniu muito, com um trabalho valoroso da equipe”, conta Valdenice Minatel, diretora-geral. “Pensamos muito em como trazer esse sentimento de estar junto. Ainda que a escola não esteja aberta presencialmente, ela está aberta na casa das pessoas”. 

Para Angela Martins, diretora pedagógica da Educação Infantil e do Fundamental I, a união fez o diferencial no Colégio Dante. Um conjunto de fatores levou a equipe a superar todos os desafios e ter sucesso nesse modelo. “Foi tudo isso: o comprometimento dos professores, a parceria com as famílias, a escolha certa das plataformas, o suporte das equipes de Tecnologia da Informação e de Tecnologia Educacional”, completa Angela. “Foi a união de todos esses fatores”. 

 

Imagens: Anastasiia Boriagina/iStock.com
                SergeiKorolko/iStock.com

 

 

A pneumologista clínica Margareth Dalcolmo será a primeira convidada a se apresentar no Ciclo de Palestras Online, “Faz escuro, mas eu canto “, organizado pelo grupo Bahema Educação. Marcado para o dia 22/7, às 20h, o tema da palestra será “Saúde na volta à escola”. O Ciclo de Palestras terá início nesta quarta-feira e se estende até novembro, apresentando temas relacionados à pandemia, às escolas e a volta às aulas com convidados especialistas. 

Margareth Dalcolmo possui graduação em Medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (1979) e doutorado em Medicina (Pneumologia) pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (1999). Pneumologista clínica com experiência em instituição pública e em prática privada. Possui experiência em conduzir e participar de protocolos de pesquisa e tratamento da tuberculose e outras micobacterioses.

A inscrição é gratuita. Saiba mais e inscreva-se aqui.

 

Com a pandemia do novo coronavírus, a Carandá Vivavida está promovendo uma série de lives voltadas para a comunidade escolar. A escola debate a cada encontro um tema de relevância pedagógica para pais e professores, além de tratar sobre a educação no contexto do isolamento social. A 4º edição da Fala, Carandá, a newsletter da escola, conta todos os detalhes sobre esse projeto. Confira aqui.

 

Com o objetivo de discutir assuntos pedagógicos e refletir sobre o papel da escola, a Carandá Vivavida, em parceria com o ComPosição – projeto de formação de professores,  inaugurou, no dia 15 de junho, o Educação em Rede, um ciclo de entrevistas que vai trazer nomes importantes do universo educacional para debates de temas relevantes.

O primeiro tema foi “A escola e o espaço de encontro com o conhecimento”. Para esta discussão, foram entrevistados Jan Masschelein, professor de Filosofia da Educação e diretor do Laboratório para Educação e Sociedade da Universidade de Louvain, na Bélgica, e Débora Vaz, pedagoga com especialização na Universidade de Sorbonne, em Paris, França, formadora de professores e diretora do Colégio Santa Cruz.

Jan Masschelein falou sobre “A escola e o espaço de tempo livre para o encontro com o conhecimento”. Em sua reflexão, o professor abordou a importância de oferecer o conhecimento e não transmiti-lo de maneira direta. Segundo ele, quando o professor oferece o conhecimento ao aluno, ele dá ao estudante a chance de questionar e não simplesmente absorver o conhecimento. É a construção do conhecimento de forma conjunta.

Masschelein abordou ainda o tempo livre, como o tempo que não é predefinido, não é produtivo, não é uma simples continuação do tempo linear entre passado e futuro. Para ele, é o tempo que interrompe essa linearidade. É fazer o passado não determinar o futuro. “Nesse sentido, a escola está proporcionando um futuro para o indivíduo e para a sociedade. É oferecer a possibilidade de uma forma de renovação”.

Assista à entrevista com Jan Masschelein.  

Débora Vaz abordou o tema “Em defesa da escola... Que escola eu defendo?”. Para iniciar a reflexão, Débora lembrou de sua época de estudante e do principal questionamento que se fez: “Que pedagoga eu quero ser?”. Ela contou que este foi o ponto de partida para que ela trilhasse sua trajetória profissional e ressaltou a importância de se questionar sobre isso o tempo todo.

Vaz defende a escola como local para humanização, observação do outro e compreensão daquilo que nos faz humanos. Para ela, a família e a sociedade têm papel importantíssimo nesta construção, mas é na escola que se vivencia a humanização de forma mais intensa, tanto no coletivo quanto no singular.

Assista à entrevista com Débora Vaz.  

 

Imagem: Nutthaseth Vanchaichana/iStock.com

por Colégio Oswald de Andrade

Não é de hoje que se discute o regime de virtualidades. Também não é de hoje a superação das rusgas entre virtual e real, pois já é apaziguado que o virtual é real. Tudo que vivemos atualmente nas telas é real – o computador, a tela, os sons, as pessoas ali materializadas. Porém, transportar aquilo que não era virtual para o virtual pode carregar uma série de ruídos.

Pierre Levy tratava desta questão no século passado e citava que "quando uma pessoa, uma coletividade, um ato, uma informação se virtualizam, eles se tornam ‘não-presentes’, se desterritorializam. Uma espécie de desengate os separa do espaço físico ou geográfico ordinários e da temporalidade do relógio e do calendário (Lévy, 1996, p.21)". 

Ele tratava do assunto a partir de um referencial midiático completamente diferente da nossa relação atual com a imagem e com a portabilidade de vivências imagéticas-sonoras. Imagine que ele estava discutindo isso em um momento em que os celulares não tinham internet, não tinham telas sensíveis ou de alta definição, no qual para ver um filme precisávamos fazer um deslocamento físico até uma locadora para escolher o que ver, e as músicas ainda precisavam de mídias físicas para serem ouvidas. O que temos ali na tela é real, mas readequar, em tempo real, o que possuía outro regime de materialidade é extremamente complicado. 

Essa transição é complicada e sem muitas receitas, mas talvez para a Arte em si e sua difusão, quase que circunscrita ao registro virtual, é um desafio de grande complexidade e com ferramentas que talvez ainda não foram exploradas, pela própria natureza de diversas expressões artísticas. Foi neste contexto que criamos uma agenda de apresentações reais dentro da virtualidade - a Turista Aprendiz.

Ter uma agenda é fundamental. Existe um sentido mais popular para a palavra agenda que é o de "registro de compromissos e tarefas", mas a origem da palavra vem do latim agere que significa agir. Sendo assim, uma agenda é mais que um registro de intenções com compromissos, mas um manifesto pessoal de compromisso com a ação, com o realizar. Precisamos ter agendas e essas agendas apontam para o presente e tentam apontar para o futuro, mesmo incerto, da cultura.

A agenda nasceria no começo do ano, quando o foco seria cruzar os projetos pedagógicos do Oswald de Andrade com a agenda cultural da cidade. Mas as relações com eventos culturais e suas manifestações físicas foram implodidas - desde o fim do ano passado em parte do mundo e, no Brasil, logo depois do nosso maior evento de manifestação popular e coletiva: o Carnaval. 

A agenda, Turista aprendiz - a agenda (do) Cultural, foi assim chamada por Rodrigo Grasso, assistente de coordenação do Cultural, e é uma homenagem a Mário de Andrade, que publicou um livro chamado O Turista Aprendiz, em que ele criou um diário da vivência cultural que ele passara, em 1929, com o intérprete de coco Chico Antônio. Nós desejávamos que a agenda fosse um instrumento que possibilitasse a elaboração de uma galeria pessoal de vivências, sejam elas expográficas, interativas, expositivas, tendo a cidade como vetor de materialização e a ação dos turistas, de forma individual ou coletiva, como responsáveis pela materialização destas pequenas concretudes compartilhadas por artistas, produtores culturais, cozinheiros, cantoras, contadores de histórias ou fazer parte de uma observação de uma nascente de água que brota na cidade. Mas, hoje, esse é um desejo imaturo, pois precisamos atender o mais importante - prover um caminho mais ativo para famílias, docentes e alunos, por meio de práticas que os artistas generosamente buscam compartilhar com os espectadores. 

Uma agenda cultural é um ser capcioso. Primeiro, parte de um conceito desgastado, tristonho e genérico: o que é cultura? Longe de nós, do Departamento de Projetos e Produção do Oswald, querer dizer aqui o que seria cultural ou não. A Agenda é um mapa cartográfico de possibilidades - permite a conexão de um conjunto de pessoas com lugares, espaços e momentos, criando uma determinada vivência. O final é um mapa afetivo de conhecimentos gerados por desconfortos planejados, mediados pela coletividade, envolvidos na vivência, podendo gerar uma experiência. Parece fácil, mas está longe de ser. Essa agenda não quer ensinar porquês, mesmo sendo uma agenda cultural escolar, mas quer compartilhar uma série de porquês de outras pessoas, que gentilmente dedicaram seus comos, para fazer o quês para todos nós.

Desejávamos fazer uma agenda que valorizasse o circuito não normativo de atividades culturais, valorizando conhecimentos do bairro, da cidade e dos deslocamentos; uma agenda que valorizaria as diversidades, debates sobre sustentabilidade e relações humanas; sobre direitos na urbe e da coletividade, procurando abarcar uma variedade de temas e vivências que tratem de espetáculos teatrais, musicais, gastronômicos e cinematográficos também; que ative os pequenos locais de trocas culturais (casas de culturas, galerias e espaços colaborativos de trocas) e espaços mais tradicionais, já que mesmo com boas estruturas a cultura precisa potencializar todas as possibilidades de conversão de público. Mas isso não ocorreu…

O que ocorreu foi o desmantelamento dos equipamentos culturais vigentes e uma busca por outra ordem que não aquela que existia até o Carnaval. É um desafio quase que diário, pois estamos na busca por aprender novas ferramentas e essas ferramentas estão ainda aprendendo com a interação dos seus usuários. É uma gigante quantidade de informações que recebemos/produzimos e alimentamos uma montanha de novos dados.

Sabemos que nenhuma materialidade virtual vai superar a presença física, pois é na presença que muitas formas (artísticas) são concretizadas. Mas, neste exercício cotidiano -- de fazer a agenda --, procuramos potencializar contações de histórias online, podcasts, espetáculos de dança gravados, visitas aos museus, audição de novas músicas, inúmeras plataformas de streamings e diversas lives. E é na live que reside o maior preconceito e também a maior desejo humano: compartilhar e saber que está virtualmente presente, interagindo com outras tantas pessoas. Sendo assim, essa agenda procura intermediar essa busca por interação e registrar o enorme esforço artístico em continuar a existir dentro de um território de fronteiras não conhecidas ou alienígenas para muitas formas artísticas que demandam a presença física. 

Atualmente, temos muitos o quês e porquês, mas apenas um como. É preciso, porém, potencializar este como. Estamos fazendo, com novas ferramentas, novos conhecimentos, mais colaboração, capacitação e compartilhamento de competências; e assim vamos possibilitar o que é mais importante no Oswald - uma instituição que aprende, e de forma colaborativa. 

Visite a Agenda Turista Aprendiz acessando o link. 

Coordenação de Projetos e Produção Cultural

Marcel Hamed - coordenador

Paloma Soares - estagiária

Rodrigo Grasso - assistente de coordenação  

 

Os alunos do Ensino Fundamental da See-Saw Panamby formaram um coral virtual para uma atividade na aula de música. Encorajados pelos professores da disciplina, cada aluno gravou um vídeo cantando a música “Connected”, do músico e compositor Brian Tate. Com a sonorização e edição dos professores Daisy Fragoso e João Paulo Pissaro, o resultado foi um clipe de música divertido, que uniu alunos, professores e famílias. Confira o vídeo aqui.

 

 

 

 

por Colégio Oswald de Andrade

Enquanto a pandemia do novo coronavírus avança a passos largos, com milhares de infectados globalmente, instituições de ensino em todo o mundo mudam as suas rotinas para proteger a comunidade acadêmica e garantir a continuidade das aulas. 

No Brasil, várias instituições substituíram as aulas presenciais por encontros virtuais. Na portaria nº 343, publicada no dia 18 de março, no Diário Oficial da União, o Ministério da Educação (MEC) autorizou essa troca por pelo menos 30 dias ou enquanto durar a pandemia. 

No Colégio Oswald, a rotina não tem sido diferente. As aulas acontecem no horário regular, no mesmo do período das presenciais, utilizando as ferramentas do Google for Education. Professores e alunos têm encontros virtuais todas as semanas, garantindo a continuidade das atividades por meio de vídeos dinâmicos e slides previamente gravados. 

O professor de Física, Jacó Izidro, diz que as preparações das aulas estão seguindo uma rotina de apresentação de conceitos por meio de slides comentados por ele em gravação e posterior resolução de exercícios. "Estou tentando diversificar as atividades. A vantagem da gravação das aulas, segundo os alunos, está no fato que eles podem ver em diferentes horários, dar uma pausa e voltar para ouvir novamente a explicação", conta. 

Já a professora de Língua Portuguesa, Vivian Gusmão, diz que há o intento de se manter os mesmos conteúdos que seriam discutidos presencialmente. No entanto, neste momento, há um redirecionamento do olhar para a questão dos tempos de aprendizagem. "A interação online não oferece nuances perceptíveis como na sala de aula. Por isso, momentos ativos e passivos têm sido colocados em prática, para que eles não se vejam sempre diante de aulas expositivas", explica.

O tempo necessário para o estudo e a aprendizagem é maior no sistema remoto. É preciso ouvir a dúvida do aluno ou ler a sua pergunta e, desse modo, procurar esclarecer.

"Quando a dúvida é colocada no mural, ele [o aluno] precisa redigir a pergunta procurando localizar a sua dificuldade. Nas videochamadas, é preciso pedir para os alunos responderem questões, pedir para algum deles ditar uma resolução e ir conferindo com ele o registro", conta a professora de Matemática, Vania de Andrade, sobre como ministra suas aulas e como tem sido o contato com os alunos. 

A partir das aulas síncronas, são fornecidos materiais de apoio produzidos durante a aula, tanto em lousa digital como em documentos compartilhados do Google Docs.

A pandemia e a quarentena mexeram com a rotina e as preocupações de todos. Em uma atividade de Língua Portuguesa, os alunos do 1º ano do Ensino Médio da See-Saw Panamby foram incentivados a lembrar da felicidade na quarentena. Em produções de texto, cada estudante escreveu sobre como estava se sentindo e depois compartilhou com a sala. 

Confira as produções.